Teciam carícias como flores. Sobre a relva, os corpos ébrios de espaço. O rodopio. O céu e terra misturavam-se na vertigem. Depois exaustos, caiam e (en)rolavam-se. Em fusão de adolescência e primavera. Então ele tecia grinaldas de malmequeres e enfeitava seus cabelos. Em glorificação pagã de tempos futuros, pois agora nada sabia(m): era(m) inocente pulsão de vida. Ela ria. O marfim dos dentes, o vermelhão húmido dos lábios, os seios a despontar no estampado da blusa. Ele atrevia-se. Por vezes, ao joelho destapado. E a mão a subir à coxa, tremendo de novidade e emoção.
E a voz esquiva, no sorriso:
- “Está quieto. Aí, não!...”
E corriam, de pássaros nos olhos, levantando revoadas...
O sol criava reflexos de oiro nos olhos verdes de Joaninha. Queimavam. Ele abrasava no sangue revolto. Ofegante, crescia. E olhava-a, fervilhante:
- “Dá-me um beijo!...” – dizia em oração murmurada.
Perversa e risonha, apontava o rosto. Desiludido e amuado, teimava:
- “Tu prometeste. Dá-me um beijo!...”
Ergueu-se majestosa. Com a mão, em concha, a proteger os olhos, alargando o olhar para além do horizonte, sorriu, em arrepio de infinito:
- “Dou-te um beijo, se me disseres onde fica o mar...”
O adolescente inventou o mar naquela tarde ...
terça-feira, 30 de setembro de 2008
A Invenção do Mar...
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8 comentários:
Obrigado pela tua visita e comentário.
Vi pouco do teu blogue, mas gostei.
Voltarei com mais calma, por isso.
Abraço.
Do alvoroço e descoberta do amor adolescente. Aquele que gostaríamos sempre de reviver quanto mais não fosse para parar o tempo. :)
Da qualidade, já nem vale a pena falar.
Que belo mar! Feito com ondas ansiosas e marés cheias de esperança...
Como não havemos de ter este espírito marinheiro?...
Abraço.
Ficando para uma outra oportunidade rever e comentar o teu blogue, Venho aqui hoje apenas para informar que o meu novo blogue se intitula "O Lugar & os Monos" e que tem o seguinte endereço [ http://perdido-teste.blogspot.com/ ]. Os postais expedidos de O Tremontelo estão acessíveis a partir do novo blogue. Beijos e abraços. Rodrigo (Perdido).
Muito bonito este navegar
num mar acabdo de descobrir...
:)
Soube a sal.
Reli este teu texto porque já tinha gostado muito dele.
Ainda o senti melhor do que na primeira leitura. Escreves muito bem.
Abraço.
Titeriteiro,
ADOREI!
belíssima prosa poética, daquelas que corremos até mais não, sôfregos do final... e afinal,depois voltamos ao início e descemos devagarinho, saboreando melhor... Parabéns!
estes crescidos, adultos meninos inventados, que bom seria ser-se assim... eternamente adolescentes...
(olhe, eu ando a treinar! rsrsrs, mas não é nada fácil!)
um sorriso :)
mariam
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